Vem o vento
e ninguém sabe se virá mais cedo
o inverno. Vem e deixa no telhado
algumas sílabas.
O trabalho da boca para não morrer
É juntá-las, fazer um diadema, coroar
a neve, o azul da neve,
na mais frágil haste.
São coisas tuas:
cintilações a que chamas ave.
In: Ofício da Paciência (1994)
//