Não é o mar, não é o vento, é o sol
que me dói da cintura aos sapatos.
Sol de fins de Julho,
ou de Agosto a prumo: finas
agulhas de aço.
É o sol destes dias, aceso
na folhagem.
Bebendo a minha água.
Colado à minha pele.
É doutro território, doutro areal.
Tem outros ritmos, outros modos,
outros vagares para roer
a cal, morder-me os olhos.
Até quando cega canta ao arder.
In: Os Sulcos da Sede (2001)