Que voz se desprende,
hesita, tropeça?
Que pedras tacteia,
que ramos alcança?
Que fonte pressente?
Que rio procura?
Que ritmo persegue,
que palavras ama?
Que sombras repele,
que luzes derrama?
Que voz se desprende,
hesita, tropeça?
Que pedras tacteia,
que ramos alcança?
Que fonte pressente?
Que rio procura?
Que ritmo persegue,
que palavras ama?
Que sombras repele,
que luzes derrama?
Pela luz oblíqua devia ser inverno, um punhado de olhos procurava nos meus iluminados epitáfios. Não gosto de ser olhado assim, não tenho piedade nem rosas, conheço os guinchos pelo voo, venho dos lados do mar. São vagarosas as derradeiras luzes, também eu não tenho pressa: não entendo essas vozes, se me chamam não é por mim que chamam, que não sou daqui.
Nenhum tão solitário mesmo quando acordava com os olhos do amigo nos seus olhos como este grego que nos versos se atrevia a falar do que tanto se calava ou só obliquamente referia – nenhum tão solitário e tão atento ao rumor do desejo e das ruas de Alexandria.
O filho pela mão, vamos por estas ruas esconjurando sombras, convocando dunas, potros, o sol ainda fresco, os cachorros latindo de alegria. Meus olhos vão à frente farejando, enquanto a mão dele ilumina a minha.
É outra vez a música, é outra vez a música que me chama, outra vez esse esplendor quase animal que me procura e comigo se faz alma ou primeira manhã sobre as areias.
Da cor do feno, as tuas mãos completas erguem-se abertas e pedindo a não sei que deus o seu destino de cavalo indomável como um rio; suspensas, as aves bebem o teu grito e ficam cegas a tremer de frio.