Respira devagar, respira
uma vez mais
o sopro reticente do silêncio;
não oiças a mutilada voz do chão:
não é o primeiro orvalho
que chama por ti;
não abras as portas todas à lenta
e velha e turva baba
da tristeza;
respira esse rumor: nem mar nem ave,
apenas um ardor que também morre,
devagar.
In: Contra a Obscuridade (1988)