Também tu,
também tu suspiras
por águas que lavem
o pranto, as feridas,
e se possível o mundo.
Suspiras, e ardes,
e contigo arde o ar.
Felizes os anjos:
em vez de suspiros
ouvem-te cantar.
26-1-87
In: Homenagens e outros Epitáfios
Também tu,
também tu suspiras
por águas que lavem
o pranto, as feridas,
e se possível o mundo.
Suspiras, e ardes,
e contigo arde o ar.
Felizes os anjos:
em vez de suspiros
ouvem-te cantar.
26-1-87
In: Homenagens e outros Epitáfios
O Sal da Língua sugere, no dia de hoje, o poema “As mães”, do nosso querido Eugénio, dito por Rui Oliveira (https://www.youtube.com/watch?v=CwpETIdqDLk).
“(…) elas estão em toda a parte onde nasça o sol: em Cória ou Catânia, em Mistras ou Santa Clara del Cobre, em Varchts ou Beni Mellal, porque elas são as Mães.
O olhar esperto ou sonolento, o corpo feito um espeto ou mal podendo com as carnes, elas são as Mães. A tua, a minha, se não tivera morrido tão cedo, sem tempo para que o rosto viesse a ser lavrado pelo vento.(…) Com mãos friáveis teceram a rede dos nossos sonhos, alimentaram-se com a luz coada pela obscuridade dos seus lenços. Provavelmente estão aí desde a primeira estrela. E o que elas duram!(…)
Elas são as mães, ignorantes da morte mas certas da sua ressurreição.”