Arquivo de Outubro, 2017

08
Out
17

Assis

Também tu,

também tu suspiras

por águas que lavem

o pranto, as feridas,

e se possível o mundo.

 

Suspiras, e ardes,

e contigo arde o ar.

Felizes os anjos:

em vez de suspiros

ouvem-te cantar.

26-1-87

In: Homenagens e outros Epitáfios

04
Out
17

O Sal da Língua sugere… As Mães, por Rui Oliveira

O Sal da Língua sugere, no dia de hoje, o poema “As mães”, do nosso querido Eugénio, dito por Rui Oliveira (https://www.youtube.com/watch?v=CwpETIdqDLk).

“(…) elas estão em toda a parte onde nasça o sol: em Cória ou Catânia, em Mistras ou Santa Clara del Cobre, em Varchts ou Beni Mellal, porque elas são as Mães.

O olhar esperto ou sonolento, o corpo feito um espeto ou mal podendo com as carnes, elas são as Mães. A tua, a minha, se não tivera morrido tão cedo, sem tempo para que o rosto viesse a ser lavrado pelo vento.(…) Com mãos friáveis teceram a rede dos nossos sonhos, alimentaram-se com a luz coada pela obscuridade dos seus lenços. Provavelmente estão aí desde a primeira estrela. E o que elas duram!(…)

Elas são as mães, ignorantes da morte mas certas da sua ressurreição.”

 




"Poupar o coração é permitir à morte coroar-se de alegria." Eugénio de Andrade
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“Sobre Eugénio sobra-me em emoção e lágrimas o que escasseia em palavras. Não há claridade que te descreva, meu querido Eugénio. És o meu poeta de ontem e de sempre. Mantinha um desejo secreto de te conhecer um dia, passar uma tarde contigo de manta nas pernas a afagar os gatos que tanto amavas. Em silêncio, sim, pois sempre foi em silêncio que me disseste tudo ao longo destes anos todos em que devorei as tuas palavras. Tu não poupaste o coração e por isso viverás sempre. Não há morte que resista a isso.” Raquel Agra (13/06/2005)

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